Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa sem dono nº 01 é o primeiro projeto em três terrenos contíguos comprados pelo cliente com o intuito de construir casas de investimento em Avaré. Geralmente os projetos de habitações unifamiliares voltam-se para desejos e particularidades, mas, neste caso sendo o cliente apenas um intermediário até o futuro morador, programa e espaço deveriam ser flexíveis o bastante para que pudessem atender às mais diversas dinâmicas familiares.
Todo o projeto foi pensado não como um objeto e sim como um percurso voltado ao interior com alternância entre espaços abertos e fechados, onde jogos de luz natural e reflexos se alteram conforme o horário e a época do ano. Vista externamente, a casa se apresenta como uma reentrância esculpida na massa construída, onde a parede inclinada dirige a perspectiva para o início do percurso.
A ausência de recuos obrigatórios no lote urbano de dimensões padrões [10.6 x 20m] permitiu que o projeto ocupasse toda a sua largura. Assim, ao invés de um objeto solto com planta estreita e pequenos recuos laterais, a casa térrea passou a ter melhores proporções espaciais e áreas externas mais concentradas e proveitosas.
O pequeno declive de 60cm no terreno fora aproveitado para dividir o programa em dois níveis: o primeiro agrega as áreas sociais e de serviço, acessadas diretamente pela entrada, enquanto no segundo encontram-se as áreas privativas [quartos e banheiros], acessadas por uma escada. A entrada na casa se faz por um pé-direito mais baixo, nivelado pelo volume de concreto aparente que pode ser visto desde fora. O volume adentra a casa através de uma curva e se desenvolve para organizar os programas do lavabo, cozinha e área de serviço.
As áreas de estar, jantar e cozinha são distribuídas por um pátio localizado no centro da planta que, envolto por grandes painéis de vidro, dilui os limites integrando-as visualmente. Tanto o pátio como a sua extensão, um piso rebaixado de ladrilhos hidráulicos, são cobertos por uma pérgula contínua composta de elementos vazados. Esses elementos foram pré-fabricados individualmente no canteiro e montados posteriormente com o intuito de facilitar a montagem e economizar formas e escoras. Essa técnica foi resgatada de estudos da obra de Rino Levi, onde o arquiteto utiliza os elementos pré-fabricados de concreto em residências na capital para criar entradas de luz em meio a laje.
Por fim, a transição entre o espaço público e o privado se dá através de um jardim iluminado por triângulos de luz natural e arrematado por um banco junto à calçada que convida à uma prática muito comum nas cidades do interior: sentar e observar a rua.